domingo, janeiro 01, 2006

O ESTADO PORTUGUÊS EM 2005 − 2006

Em 2005, deparei com candidatos à Presidência da República que não possuem as capacidades requeridas pelo bom andamento do país.
Em 2006, um deles vai assumir a função.
A culpa é do Estado, que não promove as competências, e não dos portugueses, coitados.

Em 2005, o Governo resolveu endividar as gerações futuras com o TGVOTA, mesmo depois do desastre nas eleições autárquicas.
Em 2006, com o beneplácito do futuro Presidente da República, vai começar a gastar essas massas.
A culpa é do Estado, que tem de alimentar partidos e interesses do passado que o suportam, e não nossa que face a ele nada podemos fazer, coitados.

Em 2005 debati-me com a questão de, na qualidade de professor de cursos de engenharia, dever ou não aprovar alunos que não dominavam a língua portuguesa minimamente para exercerem a profissão de engenheiro.
Em 2006, terei o mesmo problema, possivelmente agravado.
A culpa é certamente do Estado e não dos paizinhos e dos professores do ensino secundário, coitados.

Em 2005 mudei da habitação. Como ainda não consegui vender a antiga, estou a pagar juros enormes do empréstimo que para o efeito contraí.
Em 2006, devo continuar a ter dificuldade de vender a antiga e tenho de mandar fazer mais uns furos no cinto.
A culpa é do Estado, que não anda com isto para a frente, e não nossa, coitados.

Como compreenderão, a lista seria interminável, pelo que a minha depressão atingiria níveis provavelmente insuportáveis, não compatíveis com as minhas disponibilidades para ir ao psiquiatra. Fica à vossa imaginação − e resistência à depressão − o acrescentá-la.
No fundo só queria que compreendessem que, em 2005, a culpa era do Estado e, em 2006, o será também. Mais descansadinhos nas vossas poltronas?