quarta-feira, janeiro 11, 2006

O MEU BLOGAR

Teclo coisas, dizeres, contos, ditos que são sempre reditos, umas e outros antes e depois de uns e de outras. Desolado, olho-as no monitor, refaço-as, apago-as e desisto, que o arquivo só deve albergar sonhos dignos, pensares de primeira água. Passá-las ao blog, nem pensar. E se alguém os lesse?! Se descobrisse que me perco em vírgulas, em pontos com dimensão, em gramáticas, em sintaxes, em pragmáticas, em intertextos, para nada dizer, para o que digo saber a nada?

Creio ter o sentido de tudo, de como as coisas são e serão, para no minuto seguinte em nada acreditar. Como o Fernando. Que também nasceu a 13 de Junho, que também a mãe expediu num barco, aos sete anos, para a metrópole, ao cuidado do comandante, e que depois escreveu um poema a que chamou o Menino de sua mãe. Nunca escreverei um poema assim. O meu comandante foi-se, o barco apequenou-se, nele só caibo eu, que remarei até não ter barco e que depois nadarei, sem nunca saber para onde.

Ensinaram-me o que não quis aprender. Aprendi o que não me ensinaram. Estudei muito para não saber nada. Não me valeu Séneca com o fim a aproveitar os ventos. Não abdiquei dos fins, cuidando que os objectivos eram coisas comuns, que me distraíam. Vivi sem uns e ainda não dei com os outros.

A tudo aspirei, mas nada quis, que estava em serviço. E vejo as pessoas a passar, cada uma fugindo do seu drama e nele vivendo. Ao fugir, tornam-se risíveis na sua pequenez, embrulham-se na sofreguidão de nada. E invejo a velha e pobre(?) vizinha do sábio com quem Cândido falou.