sexta-feira, junho 16, 2006

A QUEM LER

Se as páginas deste livro consentem algum
verso feliz, perdoe-me o leitor a indelicadeza
de o ter usurpado previamente. Os nossos
nadas pouco diferem; é vulgar e fortuita a
circunstância de que sejas tu o leitor destes
exercícios e eu o seu redactor.”


da introdução de Fervor de Buenos Aires
(J L Borges, Obras Completas, vol. I, ed. Teorema)

domingo, junho 11, 2006

CAVACO E A CULTURA DO PAÍS

Desde o séc. XVI que se foi criando e aprofundando na cultura portuguesa muitos aspectos retrógrados, como inúmeras vezes por aqui tenho dito, apresentando exemplos, estudos e conclusões de quem estudou a questão. Ora um desses aspectos é o do elevado grau de dependência da mulher e do homem portugueses, a sua dificuldade em se assumirem realmente como adultos.

Penso que um político honesto tem de cuidar o reflectir em questões desta grandeza, antes de propor qualquer política global para o país. Por outro lado, creio que Cavaco Silva é um homem honesto e, mais, de rigor.

Assim sendo, que conclusão sobre a defesa que Cavaco fez, em 10 de Junho, de ser da "responsabilidade" de cada português a construção do futuro Portugal? Voltam-me os receios que em tempos aqui manifestei sobre as limitações culturais de Cavaco para assumir a Presidência da República.

Veremos se alguém lhe explica a impossibilidade cultural de tão generoso desejo e ele arranja forma de "dar a volta" ao que disse ou ... se consegue levar a impor um conjunto de medidas que acelerem as mudanças culturais necessárias para tornar possível o que disse (daqui a una anos, é claro, que estas coisas, sendo mais rápidas hoje, ainda levam o seu tempo).