segunda-feira, agosto 25, 2008

OS NÃO SILÊNCIOS DE CAVACO SILVA

Cavaco Silva é tido como um especialista na "gestão" do silêncio. Pena é que ultimamente, quando fala, nem sempre fale bem.

Isto a propósito da infeliz oportunidade e do escasso conteúdo da recente comunicação ao país e, mais recentemente, as declarações sobre a questão do divórcio.

Não me parece que um Presidente da República deva sustentar que se opine sobre o foro íntimo dos casais. Não o fazer é uma tradição portuguesa, das que nos podemos orgulhar. Os portugueses em geral e a sua imprensa respeitam essa tradição, essa forma de também sermos. Recorde-se o respeito dos portugueses sobre a relação de Snu Abecassis com Francisco Sá Carneiro, nos anos de 1970.
Ora nós não elegemos seguramente Cavaco Silva para que ele afronte tal tipo de tradições.
A GRAVATA E OS GENTLEMEN, SEGUNDO O BARMAN, A RECEPCIONISTA E O SR. JOÃO CARLOS ESPADA

Neste fim de semana, no semanário Expresso, o Sr. João Carlos Espada, atira-nos com uma muito sua crónica estival.

Num clube de gentlemen londrino, que suponho que frequenta, resolveu-se a inquirir o barman e a recepcionista sobre a quase permanente obrigatoriedade de no clube se usar gravata. Constatou o cronista, com uma satisfação que lhe transbordou para as entrelinhas, a surpresa daqueles funcionários perante a questão, quando responderam: "Mas é um clube de gentlemen, senhor!". Assim mesmo, com ponto de admiração e sem "s" de plural, que gentlemen já o é.

Parece-me a mim que por detrás de uma gravata poderá estar um homem bom ou estar um bandido. Parece-me a mim que um homem sem gravata também poderá ser um homem bom ou poderá ser um bandido. Parece-me a mim, que não sou gentleman, agora no singular!, que ao Sr. João Carlos Espada lhe fugiu o pé para o chinelo, como era tradição dizer-se em tais casos. Parece-me a mim que ele não perceberá ao que venho. Mas estou certo de que os autênticos gentlemen, com ou sem gravata, perceberão.