domingo, janeiro 13, 2008

REFERENDO?

São as elites (ou as vanguardas) quem normalmente orientam os povos para as decisões de fundo que antecipadamente tomaram.

Nunca se perguntou se Portugal queria integrar ou se queria aprofundar a sua relação com a Europa, em momentos tão ou mais cruciais que o actual, sem que se tivesse ouvido o actual alarido.

O Tratado de Lisboa é demasiado elaborado para ser compreensível pela maioria das pessoas.

O texto do Tratado de Lisboa é praticamente igual ao da Constituição Europeia.

A probabilidade de, ao referendar o Tratado em vinte e sete países, haver um que se opusesse, por causas que nada tinham a ver com o Tratado em si, como aconteceu com o não francês à Constituição Europeia, é apreciável. O prejuízo daí resultante seria grande para Portugal e para a maioria dos países da União Europeia.

O enraízamento da noção de cidadania europeia faz-se mais pela vivência do dia a dia - o que tem sido ignorado por muitos responsáveis europeus - do que pela mera discussão de decisões integradoras. Mas esta discussão não é contudo negligenciável, quer em termos de substância, quer em termos da formalidade que introduz no processo democrático da construção europeia.

Sócrates comprometeu-se eleitoralmente a fazer o referendo.

Sócrates comprometeu-se durante a sua presidência da União Europeia, a não o fazer.

... ?

Não me recordo de mais argumentos relevantes que tenham sido utilizados nos últimos tempos na discussão pública da questão referendária. Perante estes parece-me ser possível construir diferentes opiniões, segundo a forma de ser e o interesse de quem o faz.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

AS DIFERENÇAS DE RENDIMENTOS

Cavaco Silva chamou a atenção para a demasiada desigualdade de rendimentos entre os pobres e os ricos portugueses. E logo uma mesa de comentadores - A. Lobo Xavier, Jorge Coelho e J. Pacheco Pereira - palrou sobre a questão.

Mal. Nenhum teve a sensibilidade para compreender que a demasiada desigualdade de rendimentos é um empecilho ético à democracia. Questão que se coloca na grande maioria das democracias ocidentais e que as corrói. Mas em Portugal mais, como em tantas outras coisas, para nossa desdita.

Depois, A. Barreto e José M. Júdice – porque são sempre os mesmos? os outros também querem ganhar dinheiro! - aparecem justificando aquela mesmíssima opinião, com o Estado a poder recorrer a maior percentagem do IRS nestes casos, se assim o entender. O Estado isto, o Estado aquilo. Serão alguma coisa sem o Estado? É o Estado quem faz a democracia? E ao mesmo tempo defendem que o Estado não deve impor a moral?!

Quanto a Cavaco, não sei se abordou a questão por razões da ética democrática, se o fez para ou por "ser bonzinho". Mas disse bem. Honra lhe seja feita!
“CONHECE-TE A TI MESMO”

Viajo solitariamente pela internete. Virtualmente como quando viajo também realmente.

E li que amar é o estar presente. Sempre. Presente espiritualmente.

E penso que o espiritual e o virtual já se sobrepõem ao real donde emanaram. E também que sou tudo e que tudo sou eu. E assim sendo não me posso conhecer.

terça-feira, janeiro 01, 2008

A POLÍTICA PORTUGUESA EM 2008

Depois do desgosto causado pela pequenez dos envolvidos nas politiquices em torno do BCP, da CGD e do Banco de Portugal, em crise criada pelos próprios gestores e aprofundada naturalmente pelos seus comparsas políticos, ocorreram-me, no primeiro duche deste ano que se inicia, duas ou três suspeições sobre o que talvez possamos esperar dele.

Suspeito que Cavaco Silva continuará a dar um apoio discreto a Sócrates.

A Sócrates, para ter uma nova maioria absoluta em 2009, para poder implementar a tão temida reforma do aparelho público. Temida em grande parte pelos senhores dos partidos políticos, muito provavelmente com os do PS à cabeça. A popularidade necessária, conquista-la-á com a implementação de medidas mais populares e mais visíveis, para desgosto do Sr. Meneses, visando sobretudo cimentar e expor a bondade do que até agora fez.

Suspeito que Filipe Meneses continuará na embrulhada em que se meteu, continuando a esforçar-se por desempenhar o papel do líder a abater após as eleições de 2009. Papel que os designados por barões do seu partido tinham atribuído a Marques Mendes. Suspeito, aliás, que estes últimos senhores já se começaram a aperceber de que a troca de figurantes lhes favorece as intenções.

Suspeito(!) que Jerónimo Sousa continuará a dizer verdades que todos sabemos, e algumas mentiras em que continua a acreditar piamente, sem acrescentar ideias realistas sobre o como agir para melhorar este mundo.

E mais não suspeito.