São as elites (ou as vanguardas) quem normalmente orientam os povos para as decisões de fundo que antecipadamente tomaram.
Nunca se perguntou se Portugal queria integrar ou se queria aprofundar a sua relação com a Europa, em momentos tão ou mais cruciais que o actual, sem que se tivesse ouvido o actual alarido.
O Tratado de Lisboa é demasiado elaborado para ser compreensível pela maioria das pessoas.
O texto do Tratado de Lisboa é praticamente igual ao da Constituição Europeia.
A probabilidade de, ao referendar o Tratado em vinte e sete países, haver um que se opusesse, por causas que nada tinham a ver com o Tratado em si, como aconteceu com o não francês à Constituição Europeia, é apreciável. O prejuízo daí resultante seria grande para Portugal e para a maioria dos países da União Europeia.
O enraízamento da noção de cidadania europeia faz-se mais pela vivência do dia a dia - o que tem sido ignorado por muitos responsáveis europeus - do que pela mera discussão de decisões integradoras. Mas esta discussão não é contudo negligenciável, quer em termos de substância, quer em termos da formalidade que introduz no processo democrático da construção europeia.
Sócrates comprometeu-se eleitoralmente a fazer o referendo.
Sócrates comprometeu-se durante a sua presidência da União Europeia, a não o fazer.
... ?
Não me recordo de mais argumentos relevantes que tenham sido utilizados nos últimos tempos na discussão pública da questão referendária. Perante estes parece-me ser possível construir diferentes opiniões, segundo a forma de ser e o interesse de quem o faz.