sexta-feira, janeiro 06, 2006

MULTINACIONAIS E INDEPENDÊNCIA(?) PORTUGUESA

Leio e ouço, surpreendido, de quando em quando, as preocupações de dignatários de partidos, de comentadores de pacotilha ou não, até de Jorge Sampaio, sobre a perda de “independência” nacional resultante da tomada de posição em grandes empresas nacionais por outras multinacionais. São preocupações que vêm em ondas, provocadas normalmente por circunstâncias do momento, causando grande bulha.

Duvido da autêntica sinceridade destas gentes, Jorge Sampaio incluído. E duvido, porque não os vejo preocupados, honesta e activamente, no dia a dia, com a maior causa da não independência nacional, que é a fortíssima dependência da mulher e do homem portugueses face ao Estado (e também face às organizações várias que as(os) enquadram). Esta sim, é causa da não independência nacional, na profunda acepção do termo. A independência de uma nação assenta, antes do mais, na independência das suas mulheres e dos seus homens. Se umas e outros forem independentes, verdadeiramente adultos, capazes de assumir e construir os seus destinos, não permitindo que outros nisso se lhes substituam, então a nação será independente. Mas não é o caso.

E, sabem os mais entendidos, que não estou só, bem antes pelo contrário, quando sustento que essa recusa em ser adulta(o), em ser independente, da nossa mulher e do nosso homem, é a principal causa do nosso atraso, desde há longos anos. E até as nossas ditas “elites”, ontem como hoje, têm vivido “das migalhas que caem da mesa da Europa”.

E desconfio que, se tais gentes não se preocupam com esta dependência da mulher e do homem português, e se se preocupam com a primeira, com a da referida tomada de posição por parte das multinacionais, ou é porque são ignorantes, ou é porque alguma coisa perdem com isso, ou é porque procuram uma desculpa para o seu não contributo para resolverem aquela principal causa da não independência nacional, ou é porque são fatalistas.