quinta-feira, janeiro 26, 2006

O TURISMO RESIDENCIAL

Demorou a entrar nas mentalidades das gentes, mas cá está ele, ao fim de muita labuta de alguns mais preocupados com as vocações do país. Venho a dois reparos. Um sobre nosso permanente evitar do futuro pelas nossas gentes, classes dirigentes − sejam políticas, sejam empresariais − incluídas. Outro sobre a incompetência governativa relativa ao tratar das questões desse mesmo futuro.

Sobre a primeira há que constatar o facto de as classes dirigentes não tomarem atitudes proactivas em relação ao futuro, antes sendo coagidas pelos acontecimentos no presente, o que não lhes permitiu apostar mais cedo no turismo residencial, com tal podendo ter minimizado a actual crise económica.
Uma simples análise estratégica, uma análise SWOT na terminologia anglo-saxónica, sobre as vocações do país, teria ajudado a detectá-lo há alguns anos. Mas nem políticos, nem empresários o fizeram, entretidos que andavam na exploração de passados moribundos. E só ficará de lição, se os visados se aperceberem do disparate − o que duvido, porque lhes falta a necessária capacidade da autocrítica e lhes sobra o provincianismo − ou se, o que vai dar no mesmo, mudarmos os actuais paradigmas culturais e o homem português se tornar independente, capaz de desenhar o seu futuro e de o influir, sem recorrer ao Estado, à família ou às panelas, ou às paróquias, ou outros que lhe aproveitam.

Sobre a incompetência governativa no lidar com as novas questões que se colocam, ela resulta em grande parte da anterior atitude de governantes e altos funcionários. A questão que coloco é bem simples.
Tenho em meu poder um estudo da opinião de cidadãos ingleses e alemães que pretendem comprar casa em Espanha − os cidadãos oriundos do Reino Unido e da Alemanha representam 80% dos cidadãos estrangeiros que aí o fazem −. É um estudo realizado pela maior empresa espanhola de estudos de marketing imobiliário, a Grupoi (www.grupoi.es). Quando olho para o que eles preferem e o que procuram evitar, vejo que serão necessárias medidas legislativas que lhes possibilitem fixar aqui residência rapidamente e de forma permanente, que lhes permitam mover-se facilmente nos nossos meios bancário e segurador, que lhes permitam prover às necessidades eventuais de saúde, etc. E necessário se torna fomentar a existência de toda uma série de serviços de apoio à sua integração em Portugal. Será que o governo e os nossos altos funcionários se preocuparam em estudar o que de necessário se torna fazer ou, como desconfio que irá acontecer, vão andar a reboque das necessidades, emperrando e dificultando o que poderá ser um dos grandes sustentos da nação?