quinta-feira, janeiro 05, 2006

INSTABILIDADE POLÍTICA

“Há muita gente que vota Cavaco Silva porque pensa que ele é o salvador. (…) O que vai dar é que a instabilidade política vai crescer, e muito, se Cavaco Silva for eleito”.
João Cravinho, à Rádio Renascença, em 3/1/06 (citado no Público de 4/1/06)

Não voto nestas eleições, porque não vejo nos candidatos um que possa, em meu entender, bem servir o país. Aparte isso, se com Cavaco Silva a instabilidade política crescer, poderá ser coisa boa, se for acentuada, se proporcionar grandes mudanças.

Efectivamente, o país precisa de se alijar de muitos dos seus actuais dirigentes, precisa de renovar elites, de se libertar de um 25 de Abril que não se consumou em autêntica revolução. Seja na classe política, seja nas associações e outras organizações de intervenção pública. Gente menos presa a interesses instalados, menos presa a ideias passadas, a pensar em promover o português como adulto e não como subserviente ao Estado e dele sempre dependente.

Efectivamente, o país precisa de desmontar meticulosamente a monstruosa máquina do Estado e de reduzi-la a um pequeno corpo de trabalhadores competentes e com vontade de bem servir. Precisa que o Estado seja menos interventivo e melhor fiscalizador. Precisa de desmontar e tornar coerente o confuso aparelho legislativo, mais criado para tentar controlar “a priori” do que para bem regulamentar o essencial e estabelecer a boa fiscalização.

Efectivamente, o país precisa que se mobilize a sociedade civil, para além dos partidos políticos, para a intervenção empenhada e respeitadora, no político, no social e no económico. Há que libertar e canalizar essas enormes energias desperdiçadas e que por aí vivem frustradas.

Efectivamente, o país precisa… de tanta coisa! Coisas que sem uma boa dose de instabilidade, sabiamente controlada, não acontecerão. Não se cresce sem sofrimento. E Portugal precisa de crescer.

Acompanho, pois, João Cravinho no seu desejo de que a futura eleição de Cavaco Silva contribua para tal tipo de instabilidade.