segunda-feira, dezembro 26, 2005

PROVAVELMENTE HAIKUS

Sulcos na areia deixados pelo vazar da maré. Vistos e fotografados nas praias de Esposende pela sensibilidade do António Sá. Fotos expostas este mês na Biblioteca Florbela Espanca, em Matosinhos.

Eis algumas delas, acompanhadas pelo texto que ele para o efeito construiu. O meu agradecimento e a minha admiração ao autor.

Como é sabido, o haiku pode definir-se como uma forma de poesia breve, depurada e simples. Esta poesia tem por conteúdo a expressão de uma percepção da natureza e a sua forma resume-se a três versos curtos.
O poeta do
haiku dedica uma grande atenção às mais pequenas e subtis manifestações da natureza, captando, registando, presentificando o instantâneo; o haiku é, pode dizer-se, consequência de uma permanente atitude de espanto perante o fenómeno da natureza. Neste sentido, mais do que uma forma de poesia, é uma forma de ver o mundo.



As fotografias mostradas não serão tanto o resultado directo da leitura de variados haikus, mas antes um testemunho de como um mesmo modo de sentir, olhar e partilhar o mundo, de como pessoas com sensibilidades convergentes, se podem exprimir de forma diversa.

Penso ser oportuno relembrar as pertinentes palavras daquele que é o maior poeta da língua alemã do séc. XX − Rainer Maria Rilke (1875-1926):
“Se o quotidiano lhe parecer pobre, não o acuse: acuse-se a si próprio de não ser bastante poeta para conseguir apropriar-se das suas riquezas. Para o criador, nada é pobre, não há sítios pobres, indiferentes."

ANTÓNIO SÁ