segunda-feira, dezembro 19, 2005

A EDUCAÇÃO DOS JOVENS PARA O FUTURO


Assisto quotidianamente, na imprensa, em seminários, em corredores e em reuniões a discussões sobre o tema, que me parecem construídas sobre o passado e não sobre o futuro. Cá, como na maioria dos países europeus. Ganharíamos vantagem se procurássemos educar os nossos jovens para os desafios do seu futuro, esquecendo uma boa parte das experiências passadas.

Sugiro de seguida alguns de tais desafios que por ora me ocorrem. Não serão novidade para alguns, mas importa divulgá-los e relembrá-los, para ir tecendo novas formas de encarar a referida educação.

A primeira é a de que os actuais jovens vão ver 150 anos ou mais! Quantas vezes irão mudar o seu percurso ao longo da sua vida? A questão que coloco não é assegurar a educação ao longo da vida. É antes a da preparação inicial para a vida activa, que terá de ser o suporte desta última.

A segunda é a de um avanço do conhecimento cada vez mais acelerado, obrigando a especializações cada vez maiores e, por consequência, à necessidade da integração de especialistas vários para resolver cada problema do mundo real. Ter-se-á de recorrer de forma crescente, indubitavelmente, a formas de comunicar mais potentes que o mero discurso. Também o trabalho de equipa, o networking e todas as formas de trabalho colaborativo assumirão importâncias crescentes. Outra implicação é a de que a aprendizagem inicial, para o ingresso na vida activa, será provavelmente mais demorada.

A terceira é a da constatação do crescente papel que outros veículos de comunicação, que não o verbo, desempenham já durante a infância e a adolescência. Trata-se de veículos de comunicação que proporcionam caudais de informação muito superiores ao permitido pelo discurso − seja oral, lido ou escrito − e portanto mais compatíveis e apetecíveis por cérebros ainda em formação.