sexta-feira, outubro 21, 2005

SISA E FIM DE MANDATO PRESIDENCIAL


Senhor Presidente da República



Excelência:


Sou a sugerir-lhe uma atitude de reparo a milhões de portugueses, neste fim do seu mandato. Reparo que não encontra raiz no proceder de V. Ex.ª, antes ancora no pré 25 de Abril e em muitos dos seus seguidores.

Refiro-me à mancha que impende sobre aqueles que se furtaram ao pagamento da defunta SISA. Tratava-se de um imposto que o tempo e as práticas fiscais tornaram cada vez mais injusto. O opróbrio recai sobre muitos que então prevaricaram, sob pena de não comprarem a habitação almejada.

O grande lucro com o estado de coisas não era tanto desses portugueses quanto o dos construtores, por via da fuga ao IRC. A grande perda foi a do país que, pela inépcia de sucessivos responsáveis, permitiu que assim se prolongasse no tempo a elevada improdutividade de um dos seus maiores sectores de actividade, só possível pelas margens de lucro especulativas associadas. Estado de coisas que transbordou para a cultura nacional, contribuindo para grande parte das deficiências que lhe reconhecemos.

Recordo o que de lamentável se passou, a propósito, com o Dr. António Vitorino e interrogo-me sobre se tal estigma o continuou a afastar de contribuir para outras responsabilidades nacionais.

De alguma forma poderá V. Ex.ª contribuir certamente para como que amnistiar estes milhões de portugueses, o que constituiria um acto de justiça e de boa lembrança das suas presidências.

Bem haja.

Sem comentários: