O CÃO DA CASA
Cannis horribilis, Bacus nominae.
Acima do gosto de me dar a conhecer, há que contribuir para usar a internete como veículo de crescimento. Com rigor, com respeito, não fugindo à especulação fundamentada, não fugindo à irreverência. Limitado pelo meu saber e pela minha imaginação, e querendo de tudo tratar, preciso de vocês. Agradeço os comentários, apelo à humildade do que pergunta para saber mais. "To be and not to be is the answer" porque sabemos hoje que cada coisa contendo em si o seu contrário.
quarta-feira, junho 29, 2005
TURISMO RESIDENCIAL
Há poucos anos atrás, desafiei um amigo, consultor, a propormos a elaboração de um plano estratégico para o desenvolvimento do turismo residencial numa linda urbe do litoral ocidental português.
Tinha eu ali passado a residir, estava maravilhado com a qualidade de vida, com a paisagem, com as inúmeras possibilidades de a rentabilizar, em respeito pela natureza.
E aquilo fazia-me pensar neste meu Portugal, tão desamado pelos políticos, gestores, empresários e demais indíviduos provincianos que por aí pululam. E, em catadupa, perguntava-me se com um clima ameno no Inverno e no Verão, com uma paisagem tão variada, com uma gastronomia tão diversa (e maltratada!); com um parque residencial excessivo, com povoações do interior e centros de cidades ( a lembrar-me do Porto) a necessitarem de ser recuperados;
a duas horas de avião da Alemanha e outros países do leste Europeu, da Inglaterra, da Irlanda, da Holanda, etc; com uma mão de obra facilmente adapatável às necessidades do turismo; perguntava-me, dizia, se não seríamos capazes de aqui acolher reformados e outros desses países, que aqui quisessem comprar casa para viver a sua vida e participar no nosso desenvolvimento.
É claro que tal teria de ser um projecto nacional. Requeriam-se condições de melhor ambiente/qualidade de vida, de melhor segurança, de assistência médica, de participação cívica desses nossos concidadãos europeus, etc, que só um plano mobilizador a nível nacional podia garantir.
Passado algum tempo, dei comigo a pensar que nunca mais me emendava, que continuava a ser um eterno ingénuo: é que esse meu amigo tinha abordado um ex-secretário de estado do turismo do PS sobre a questão e este tinha-lhe manifestado horror pela ideia de transformar o país numa Florida portuguesa...
Entretanto, tenho ouvido as vozes insuspeitas de um António Borges e, ontem, do ministro da Economia do PS a considerarem e defenderem o interesse de uma tal via. Assim já não sei se sou ingénuo!
O que me parece é que não é pela via de empreendimentos como o que a SONAE está a levar a cabo em Tróia que se implementa o turismo residencial que nos interessa. Não! Aquele que nos convém, é o de quem queira comprar casa que já exista (a recuperar ou não), no campo, na praia e nas cidades. Que gaste cá uma boa parte da sua reforma, sim senhor, mas que também esteja interessado em promover o desenvolvimento da que seria a sua segunda pátria.
Há poucos anos atrás, desafiei um amigo, consultor, a propormos a elaboração de um plano estratégico para o desenvolvimento do turismo residencial numa linda urbe do litoral ocidental português.
Tinha eu ali passado a residir, estava maravilhado com a qualidade de vida, com a paisagem, com as inúmeras possibilidades de a rentabilizar, em respeito pela natureza.
E aquilo fazia-me pensar neste meu Portugal, tão desamado pelos políticos, gestores, empresários e demais indíviduos provincianos que por aí pululam. E, em catadupa, perguntava-me se com um clima ameno no Inverno e no Verão, com uma paisagem tão variada, com uma gastronomia tão diversa (e maltratada!); com um parque residencial excessivo, com povoações do interior e centros de cidades ( a lembrar-me do Porto) a necessitarem de ser recuperados;
a duas horas de avião da Alemanha e outros países do leste Europeu, da Inglaterra, da Irlanda, da Holanda, etc; com uma mão de obra facilmente adapatável às necessidades do turismo; perguntava-me, dizia, se não seríamos capazes de aqui acolher reformados e outros desses países, que aqui quisessem comprar casa para viver a sua vida e participar no nosso desenvolvimento.
É claro que tal teria de ser um projecto nacional. Requeriam-se condições de melhor ambiente/qualidade de vida, de melhor segurança, de assistência médica, de participação cívica desses nossos concidadãos europeus, etc, que só um plano mobilizador a nível nacional podia garantir.
Passado algum tempo, dei comigo a pensar que nunca mais me emendava, que continuava a ser um eterno ingénuo: é que esse meu amigo tinha abordado um ex-secretário de estado do turismo do PS sobre a questão e este tinha-lhe manifestado horror pela ideia de transformar o país numa Florida portuguesa...
Entretanto, tenho ouvido as vozes insuspeitas de um António Borges e, ontem, do ministro da Economia do PS a considerarem e defenderem o interesse de uma tal via. Assim já não sei se sou ingénuo!
O que me parece é que não é pela via de empreendimentos como o que a SONAE está a levar a cabo em Tróia que se implementa o turismo residencial que nos interessa. Não! Aquele que nos convém, é o de quem queira comprar casa que já exista (a recuperar ou não), no campo, na praia e nas cidades. Que gaste cá uma boa parte da sua reforma, sim senhor, mas que também esteja interessado em promover o desenvolvimento da que seria a sua segunda pátria.
domingo, junho 26, 2005
Petróleo, novo aeroporto e TGV
Leio, no Courrier de 24 do corrente, o que vai sendo evidente sobre o petróleo: os preços continuarão a ser cada vez mais elevados e, provavelmente, continuarão a crescer a um ritmo superior ao esperado até há pouco tempo.
As consequências para a vida dos "gordos" cidadãos das sociedades ocidentais, a menos que alguém "tire da manga" uma outra forma económica de produzir energia, serão inúmeras e dispenso-me de apresentar aqui algumas sugeridas no mesmo Courrier, até porque me pareceram excessivamente superficiais e pouco articuladas com o estado actual de desenvolvimento de diversas áreas do saber.
Em consequência, o risco da inutilidade da construção de um novo aeroporto para Lisboa aumenta e o projecto do TGV soa a excessivamente modesto. No último caso dever-se-ia deixar cair a ideia de TGV entre Porto e Lisboa, em favor da melhoria da linha actualmente existente, e investir sim em ligações Lisboa-Madrid e Vigo-Porto-Coimbra-Madrid.
Leio, no Courrier de 24 do corrente, o que vai sendo evidente sobre o petróleo: os preços continuarão a ser cada vez mais elevados e, provavelmente, continuarão a crescer a um ritmo superior ao esperado até há pouco tempo.
As consequências para a vida dos "gordos" cidadãos das sociedades ocidentais, a menos que alguém "tire da manga" uma outra forma económica de produzir energia, serão inúmeras e dispenso-me de apresentar aqui algumas sugeridas no mesmo Courrier, até porque me pareceram excessivamente superficiais e pouco articuladas com o estado actual de desenvolvimento de diversas áreas do saber.
Em consequência, o risco da inutilidade da construção de um novo aeroporto para Lisboa aumenta e o projecto do TGV soa a excessivamente modesto. No último caso dever-se-ia deixar cair a ideia de TGV entre Porto e Lisboa, em favor da melhoria da linha actualmente existente, e investir sim em ligações Lisboa-Madrid e Vigo-Porto-Coimbra-Madrid.
sexta-feira, junho 24, 2005
O SR. TONY BLAIR E A VELHA EUROPA - 1
A questão da decadência da Europa é desde alguns anos evidente para quem quer ver. Mas, como cá, os sistemas democráticos existentes na maioria dos países da UE e a "gordura" egoísta das suas culturas têm propiciado que a maioria dos seus políticos sejam cobardes ou incompetentes.
Tardio, o discurso do Sr. Blair é uma lufado de ar fresco para as mentes dos europeus. Será que elas não estarão demasiado velhas para se reconstruirem?
A questão da decadência da Europa é desde alguns anos evidente para quem quer ver. Mas, como cá, os sistemas democráticos existentes na maioria dos países da UE e a "gordura" egoísta das suas culturas têm propiciado que a maioria dos seus políticos sejam cobardes ou incompetentes.
Tardio, o discurso do Sr. Blair é uma lufado de ar fresco para as mentes dos europeus. Será que elas não estarão demasiado velhas para se reconstruirem?
ANGÚSTIAS PRESIDENCIÁVEIS - 2
Com a crescente popularidade de Freitas do Amaral, estamos perante um potencial candidato capaz de derrubar Cavaco Silva, ao reunir os apoios de muita esquerda, do centrão e, quiçá, de alguns da direita não trauliteira.
Lá se iriam as angústias que anteriormente manifestei ...
Com a crescente popularidade de Freitas do Amaral, estamos perante um potencial candidato capaz de derrubar Cavaco Silva, ao reunir os apoios de muita esquerda, do centrão e, quiçá, de alguns da direita não trauliteira.
Lá se iriam as angústias que anteriormente manifestei ...
quinta-feira, junho 23, 2005
CÉU E INFERNO
Borges, J.L. e Casares, Bioy, presenteiam-nos com uma colectânea de pensamentos manifestados, ao longo dos tempos, por religiosos e não religiosos, no Livro do Céu e do Inferno, editado em Portugal pela Teorema, sobre os ditos.
Transcrevo alguns busquejos, com as devidas vénias:
Por um amor desinteressado (pág. 9)
São Luís o Rei mandou em embaixada Ivo, bispo de Chartres, e este contou-lhe que na sua viagem encontrou uma mulher grave e esbelta, com um archote numa mão e um cântaro na outra e, ao ver que o seu aspecto era melancólico, religioso e fantástico, perguntou-lhe o que significavam aqueles símbolos e o que se propunha fazer com o fogo e com a água.
Respondeu: A água é para apagar o Inferno e o fogo para incendiar o Paraíso. Desejo que os homens amem Deus pelo amor de Deus.
JEREMY TAYLOR (1663-1667)
Infernos muçulmanos [Misericórdia seria preferível, a meu ver] (pág. 44)
Alá fundou um Inferno em sete pisos, cada um por cima do outro e cada um deles a uma distância de mil anos do outro. O primeiro cham-se Yahannam e é destinado ao castigo dos muçulmanos que morrem sem se arrepender dos próprios pecados; o segundo chama-se Laza e é destinado ao castigo dos infiéis; [...]. O mais tolerável de todos é o primeiro: possui mil montanhas de fogo, em cada montanha há setenta mil cidades de fogo, em cada cidade há setenta mil casas de fogo, em cada casa há setenta mil leitos de fogo e em cada leito há setenta mil formas de tortura. Quanto aos outros infernos, ninguém conhece os seus tormentos, excepto Alá o Misericordioso.
Livro das Mil e Uma Noites, noite 493
Do viajante querubínico (pág. 171)
A viagem não é tão longa, cristão; a menos de um passo está o Paraíso.
Embora um réprobo alcançasse o céu mais elevado, a dor do Inferno continuaria a atormentá-lo.
Não te magoaria o Inferno, embora sempre ali estivesses, mas o fogo do Inferno queima-te e a culpa é tua.
Com um só beijo, a noiva torna-se mais merecedora do Paraíso do que todos os mercenários que trabalham até à morte.
Homem, deixa deixa de ser homem se pretendes chegar ao Paraíso; Deus apenas recebe outros deuses.
Homem, se não transportas contigo o Paraíso, nunca nele entrarás.
E basta, amigo. Se queres continuar a ler, transforma-te tu mesmo no livro e na doutrina.
ANGELUS SILESIUS (1624-1627)
E basta, amigo. Se queres continuar a ler, compra o livro!
Borges, J.L. e Casares, Bioy, presenteiam-nos com uma colectânea de pensamentos manifestados, ao longo dos tempos, por religiosos e não religiosos, no Livro do Céu e do Inferno, editado em Portugal pela Teorema, sobre os ditos.
Transcrevo alguns busquejos, com as devidas vénias:
Por um amor desinteressado (pág. 9)
São Luís o Rei mandou em embaixada Ivo, bispo de Chartres, e este contou-lhe que na sua viagem encontrou uma mulher grave e esbelta, com um archote numa mão e um cântaro na outra e, ao ver que o seu aspecto era melancólico, religioso e fantástico, perguntou-lhe o que significavam aqueles símbolos e o que se propunha fazer com o fogo e com a água.
Respondeu: A água é para apagar o Inferno e o fogo para incendiar o Paraíso. Desejo que os homens amem Deus pelo amor de Deus.
JEREMY TAYLOR (1663-1667)
Infernos muçulmanos [Misericórdia seria preferível, a meu ver] (pág. 44)
Alá fundou um Inferno em sete pisos, cada um por cima do outro e cada um deles a uma distância de mil anos do outro. O primeiro cham-se Yahannam e é destinado ao castigo dos muçulmanos que morrem sem se arrepender dos próprios pecados; o segundo chama-se Laza e é destinado ao castigo dos infiéis; [...]. O mais tolerável de todos é o primeiro: possui mil montanhas de fogo, em cada montanha há setenta mil cidades de fogo, em cada cidade há setenta mil casas de fogo, em cada casa há setenta mil leitos de fogo e em cada leito há setenta mil formas de tortura. Quanto aos outros infernos, ninguém conhece os seus tormentos, excepto Alá o Misericordioso.
Livro das Mil e Uma Noites, noite 493
Do viajante querubínico (pág. 171)
A viagem não é tão longa, cristão; a menos de um passo está o Paraíso.
Embora um réprobo alcançasse o céu mais elevado, a dor do Inferno continuaria a atormentá-lo.
Não te magoaria o Inferno, embora sempre ali estivesses, mas o fogo do Inferno queima-te e a culpa é tua.
Com um só beijo, a noiva torna-se mais merecedora do Paraíso do que todos os mercenários que trabalham até à morte.
Homem, deixa deixa de ser homem se pretendes chegar ao Paraíso; Deus apenas recebe outros deuses.
Homem, se não transportas contigo o Paraíso, nunca nele entrarás.
E basta, amigo. Se queres continuar a ler, transforma-te tu mesmo no livro e na doutrina.
ANGELUS SILESIUS (1624-1627)
E basta, amigo. Se queres continuar a ler, compra o livro!
terça-feira, junho 21, 2005
O ÚLTIMO REGRESSO
Segundo o teólogo Juan Escoto Erígena (800-877), o universo emanou de Deus e regressará finalmente a Deus. Portanto cabe distinguir dois processos: um de diferenciação das criaturas, outro a de absorção na divindade. No segundo, chamado de deificação, tudo o que é criado − os anjos, os homens, o Inferno, o Diabo − ingressará ditosamente no Ser Supremo. Nessa altura, A Criação e o Criador se confundirão e o tempo desaparecerá.
(Warren Hope, The Weekend Theologian (1897), citado em Borges, J.L., Casares, Bioy, Livro do Céu e do Inferno, Teorema, pág 35.)
COMENTÁRIO: Aqui, os crentes no big bang encontram consolo religioso, e os anti-darwinistas, com um pouco de esforço, verificarão que a diversificação/complexificação tem afinal fundamento religioso!
Segundo o teólogo Juan Escoto Erígena (800-877), o universo emanou de Deus e regressará finalmente a Deus. Portanto cabe distinguir dois processos: um de diferenciação das criaturas, outro a de absorção na divindade. No segundo, chamado de deificação, tudo o que é criado − os anjos, os homens, o Inferno, o Diabo − ingressará ditosamente no Ser Supremo. Nessa altura, A Criação e o Criador se confundirão e o tempo desaparecerá.
(Warren Hope, The Weekend Theologian (1897), citado em Borges, J.L., Casares, Bioy, Livro do Céu e do Inferno, Teorema, pág 35.)
COMENTÁRIO: Aqui, os crentes no big bang encontram consolo religioso, e os anti-darwinistas, com um pouco de esforço, verificarão que a diversificação/complexificação tem afinal fundamento religioso!
segunda-feira, junho 20, 2005
ANGÚSTIAS PRESIDENCIÁVEIS - 1
O tempo dá a perspectiva. Hoje, já vêem Cavaco Silva na sua real dimensão: um técnico cuja deficiente cultura (?) lhe limitou o horizonte a uma meia dúzia de anos e que fez alarde de não ter a semente da dúvida no seu pensamento. Como Salazar e como Cunhal, mas muito, muito, mais pequeno.
Ele foi o euro, ele foi o betão. Mas o criar condições para ir acabando paulatinamente com a mão de obra barata? Mas as necessárias mudanças culturais e o desmontar da máquina do Estado, sem os quais o 25 de Abril continuava a não ser uma revolução? Tenho a sensação de que ainda hoje não saberá do que falo.
Contudo, gere a sua imagem ardilosamente, iludindo o Zé Pagode, os politiqueiros de serviço e até alguns comentadores que deviam ser mais perspicazes.
Mas de que me serve tudo isso, se do outro lado da barricada estiver um poeta, homem generoso, sim, mas ainda menos talhado para a função presidencial?
O tempo dá a perspectiva. Hoje, já vêem Cavaco Silva na sua real dimensão: um técnico cuja deficiente cultura (?) lhe limitou o horizonte a uma meia dúzia de anos e que fez alarde de não ter a semente da dúvida no seu pensamento. Como Salazar e como Cunhal, mas muito, muito, mais pequeno.
Ele foi o euro, ele foi o betão. Mas o criar condições para ir acabando paulatinamente com a mão de obra barata? Mas as necessárias mudanças culturais e o desmontar da máquina do Estado, sem os quais o 25 de Abril continuava a não ser uma revolução? Tenho a sensação de que ainda hoje não saberá do que falo.
Contudo, gere a sua imagem ardilosamente, iludindo o Zé Pagode, os politiqueiros de serviço e até alguns comentadores que deviam ser mais perspicazes.
Mas de que me serve tudo isso, se do outro lado da barricada estiver um poeta, homem generoso, sim, mas ainda menos talhado para a função presidencial?
domingo, junho 19, 2005
sábado, junho 18, 2005
sexta-feira, junho 17, 2005
Mas …, Sara,
Ou
Para uma neta que crescerá
Cobrir-te-emos com as roupas da humanidade,
Mas aprenderás a despi-las.
Que o caminho para a luz é, humanamente,
Para além da humanidade.
Ensinar-te-emos a separar as coisas,
Mas aprenderás que tudo é uno.
Porque não é dividindo
Que alcançarás o Todo.
Ensinar-te-emos que o tempo é um ditador,
Mas aprenderás a usá-lo.
Só lhe reconhecerás sentido
Nas trivialidades do mundano.
Ensinar-te-emos a escrever e a dizer,
Mas aprenderás a ouvir.
Porque só quando entenderes o outro
Acederás à compaixão.
E amarás o silêncio e o seu sentir,
Para além de tudo o que é mundo.
E então, só então, conhecerás
A paz para além da felicidade.
C. Marques Pinto
Ou
Para uma neta que crescerá
Cobrir-te-emos com as roupas da humanidade,
Mas aprenderás a despi-las.
Que o caminho para a luz é, humanamente,
Para além da humanidade.
Ensinar-te-emos a separar as coisas,
Mas aprenderás que tudo é uno.
Porque não é dividindo
Que alcançarás o Todo.
Ensinar-te-emos que o tempo é um ditador,
Mas aprenderás a usá-lo.
Só lhe reconhecerás sentido
Nas trivialidades do mundano.
Ensinar-te-emos a escrever e a dizer,
Mas aprenderás a ouvir.
Porque só quando entenderes o outro
Acederás à compaixão.
E amarás o silêncio e o seu sentir,
Para além de tudo o que é mundo.
E então, só então, conhecerás
A paz para além da felicidade.
C. Marques Pinto
quinta-feira, junho 16, 2005
EDITORIAL
Chamar a este blog "a irresponsabilidade à beira mar plantada", "sobre a partidocracia", "comendo as migalhas que caem da mesa da Europa", etc, seria redutor e fastidioso para a inquietude do meu e dos vossos espíritos.
Embora me preocupem a estupidez e a mediocracia instaladas por aí instaladas - epidermes de uma cultura colectivista, provinciana e avessa ao futuro -, muito mais do que me preocupa a generalizada roubalheira, pensei dever temperar reparos sociais e políticos com pensares, meus e alheios, sobre a vida e sobre a morte.
Tenho o coração cheio de palavras, mas não o ensinei a escolhê-las. Antes me socorri da muleta da razão. E ela cresceu e impôs-se-me por demasiado tempo. Hoje, quero que seja o coração a ditar-me o rumo, mesmo tropeçando aqui e ali em palavras mal escolhidas. O ler e o reler do que escrevo e reescrevo, e as bordoadas amigas com que entendam presentear-me, ajudarão a fazer melhor.
Sêde bem vindos!
Chamar a este blog "a irresponsabilidade à beira mar plantada", "sobre a partidocracia", "comendo as migalhas que caem da mesa da Europa", etc, seria redutor e fastidioso para a inquietude do meu e dos vossos espíritos.
Embora me preocupem a estupidez e a mediocracia instaladas por aí instaladas - epidermes de uma cultura colectivista, provinciana e avessa ao futuro -, muito mais do que me preocupa a generalizada roubalheira, pensei dever temperar reparos sociais e políticos com pensares, meus e alheios, sobre a vida e sobre a morte.
Tenho o coração cheio de palavras, mas não o ensinei a escolhê-las. Antes me socorri da muleta da razão. E ela cresceu e impôs-se-me por demasiado tempo. Hoje, quero que seja o coração a ditar-me o rumo, mesmo tropeçando aqui e ali em palavras mal escolhidas. O ler e o reler do que escrevo e reescrevo, e as bordoadas amigas com que entendam presentear-me, ajudarão a fazer melhor.
Sêde bem vindos!
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