quarta-feira, novembro 28, 2007

O “POLITICAMENTE CORRECTO” (PC)

No meu pensar, o PC era uma procura, postiça ou artificial, da correcção e respeito para com os outros, escamoteando a investigação aprofundada das questões em causa. Tratava-se da busca da igualdade de género, sem cuidar de averiguar aquilo em que pode existir e aquilo em que é de perseverar e aprofundar a diferença; tratava-se do combate à xenofobia, ocultando que os principais xenófobos são os governantes que descuram a criação de condições para a inserção dos imigrantes; tratava-se de “respeitar” a democracia, evitando a necessidade de medidas firmes para a manter no longo prazo; etc; etc.

Aqui há uns tempos, em conversa ajantarada com alguns colegas, cheguei à conclusão de existir uma extensão semântica do PC, que me era alheia. Referi eu ter-me constado que o político X teria recebido uma pasta com uns dinheiros (destinados ao partido?), quando um dos meus colegas, num tom notoriamente PC, se pretendeu afastar de tal boato(?). Senti-me um imperdoável malandro por dar seguimento a tais boatos(?).
O tempo passou, mas este episódio insistiu em perseguir-me, como se algo de dissonante existisse. Debalde procurei convencer-me que tal se devia à minha sensação de culpa pela boatopropaganda.
Um dia destes fez-se luz: o PC convém a muitos políticos para encobrir as suas manigâncias. A técnica é simples: ao transformar-se a manifestão de uma suspeita na manifestação duma acusação, aquela passa a ser “politicamente incorrecta”, inadequada para ser transmitida.

De acordo com o ex-Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, em Portugal não haveria mais que uns 10% de políticos corruptos. PC!

Valha a verdade, até simpatizo com o Sr. Dr. Jorge Sampaio e, que me conste, o colega a que acima aludi não é figura da política. Para além disso, nesta extensão semântica, o PC também se revela postiço. Serve os desonestos, ilude os bacocos.

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