quarta-feira, novembro 16, 2005

SEM INSPIRAÇÃO

Conspiro contra os que buscam no equilíbrio a salvação
E nas lojas mercandeiam as suas pedras angulares.
Conspiro contra os obreiros da obra que labutam pela obra
Esquecendo o caminho na voragem do fim.
Conspiro contra os que ocultam as suas verdades ocultas
Menosprezando os que pretendem iluminar.
Conspiro contra os defensores do social do passado
Agrilhoados a um pai que só queria a mudar.
Conspiro contra os que defendem a liberdade de cada um
E a transformam num casulo do coração.
Conspiro contra os que vendem o deus barbudo e ciumento
Afastados dos homens e longe d’O que é tudo.
Conspiro contra os escrevinhadores de voo fácil
Alheios ao prejuízo das consciências que moldam.
Conspiro contra os que buscam o saber das especialidades
Sem cuidar da rede que entretece a realidade.
Conspiro contra os que governam ao sabor do passado
Ignorando o futuro do todo e a chanheza das gentes.
Conspiro contra os homens que receosos não crescem
Buscando fora de si o alimento do corpo e da alma.

Conspiro contra o universo que expira para logo inspirar
Alheio da infinidade dos outros universos que respiram.

Conspiro contra todos os que amo
E se divertem meigamente com as minhas conspirações.

Eu não quero expirar só
Quero também inspirar.

1 comentário:

Margarida disse...

Leio o seu blog quase diariamente. Gosto da forma como escreve e do conteúdo, seja ele mais político ou mais poético. Decidi deixar hoje um comentário porque o post de hoje está, a meu ver, acima de uma média, que por si só já é bastante alta.