sexta-feira, agosto 18, 2006

MARCELO CAETANO PELA PENA DE VASCO PULIDO VALENTE

O artigo de VPV, no Público de ontem, evidenciou-me um Marcelo Caetano mais próximo, mais humano, nas suas misérias e nas suas grandezas da história desencontradas.

E senti que o rigor com que VPV e o Público me presentearam esta proximidade, me reconciliou com esse homem, distante de quem sou politicamente.

E sinto que é o rigor com que vemos a proximidade do outro que cria e alimenta a nossa tolerância por ele.

E sinto que andam todos disto distraídos.

E sinto, como Goethe, que "O próximo afasta-se"...

1 comentário:

antónio m p disse...

Meu caro homónimo. Quanta tolerância por um ditador, co-arquitecto de uma ditadura que silenciou, reprimiu, torturou, matou e condenou à indignidade um povo durante cinco dezenas de anos, isto é, até ser neutralizado à força. Custa-me isto em si cujo discurso moralista me parece bem intencionado. Só você saberá de que profundas razões ou sentimentos advém essa tolerância, mas penso que em certas circunstâncias a tolerância é uma forma de cumplicidade. A "tolerância" de Marcelo para com os crimes e os criminosos do Estado Novo, ainda que fosse apenas tolerância!, era cumplicidade. Mas não era apenas tolerância, é claro. Sejamos razoáveis: o caro C. M. P. aceitaria um lugar de estreita proximidade com o poder, no aparelho fascista que mandou em Portugal naquelas décadas de terror? Não acredito.
Aceite a minha estima sincera. a.m.p.