sexta-feira, junho 27, 2008

TGV, ALCOCHETE E OS FARAÓS*

Insisto hoje no que dizia aquando das últimas eleições autárquicas. Com a subida sustentada do petróleo, não se justifica o investimento num novo aeroporto. As dificuldades cada vez mais evidentes das companhias de aviação em todo o mundo têm a ver com a oferta que será cada vez mais excedentária. Num futuro não muito distante, só os voos de longo curso terão justificação económica e ambiental**.

Os trajectos de menor duração serão efectuados por comboio. No mesmo sentido irá o transporte de mercadorias. Bem faríamos se em lugar do aeroporto de Alcochete investíssemos no TGV de passageiros e mercadorias o mais avançado possível. Um percurso Lisboa-Madrid (Barajas) e um Aveiro-Madrid (Barajas). Vigo e Porto seriam ligados em alta velocidade a Aveiro e a Lisboa.

Quer o Sr. Sócrates, quer a Sr.ª Ferreira Leite andam enganados (?) e a enganar-nos. E que não se escudem em impossíveis estudos técnicos. Esta é uma questão política e de bom senso.
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* Os faraós são, segundo a Sr.ª Ferreira Leite, os mentores das obras públicas com que o Sr. Sócrates e comandita se propõem esbanjar os dinheiros das gerações futuras (de alemães e outros europeus bem intencionados?!).
** O semanário Expresso de amanhã, insere um eco-dizer na sua página 10: “O avião é o meio de transporte mais poluente: as suas emissões de dióxido de carbono são cerca de 80% superiores às dos restantes transportes públicos. Sempre que possível use outros meios de transporte, como o combóio.”
AS REFORMAS DE SARKOZY

O primeiro-ministro francês tem quase pronto o pacote de medidas sociais e económicas que, pretende, restituirão à França a sua competitividade no teatro Europeu e mundial. Obviamente que uma receita liberal.

Em alturas de grandes mudanças, como as que estão a produzir com a escassez de recursos a nível planetário e as fortes restrições impostas pelo meio ambiente, o sistema político mais flexível, de mais fácil adaptação continua a ser o liberal. Sistema político que necessita, é certo, de uma muito maior dose de ética do que o abuso intervencionista do Estado permite. O tatcherismo francês?
O NÃO IRLANDÊS

Faria sentido que os habitantes de Freixo de Espada à Cinta tivessem o mesmo peso político que os habitantes de Lisboa ou que os do Porto? Então porque hão-de os alemães e os franceses e outros países maiores deixar que a Irlanda ou Portugal ou outro país pequeno ter o mesmo peso que político que eles na UE?

As pessoas percebem isto, mas não percebem porque os políticos o não assumem. E os políticos sabem que assim é.

quarta-feira, junho 11, 2008

CAMIONISTAS NA RUA

Em Portugal, como na Europa, os arruaceiros vêm, vezes amiudadas, despejar a sua frustração e a sua ignorância para a rua. A ausência de democracia real impede-os de compreender a questão essencial: que os recursos do planeta são escassos, que há outras gentes no mundo que ganharam consciência, que querem comer melhor, que querem ter uma qualidade de vida mínima e que para isso lutam, trabalham e poupam. Em muita Europa, ainda se vive em tempo de império e acredita-se que se poderá continuar a ter cada vez mais, a esbanjar, trabalhando cada vez menos.

Em Portugal, uma grande maioria não trabalha, não respeita e pensa que o futuro lhe continuará a ser garantido pelos trabalhadores alemães e por outros trabalhadores europeus que se sabem organizar. A maioria dos portugueses realmente trabalhadores, daqueles que respeitam e que querem ser respeitados, emigra.
Somos o produto histórico do comando de uma burguesia marítima que, depois de D. João III, só admitiu um político e, mesmo este, porque houve a fatalidade de um terramoto.
Em tempos acreditei que a ditadura salazarista tinha sido o epílogo deste percurso. Uma crença baseada naquele pensar "Só te aguentas à força!". Hoje, sei que me enganei.

domingo, junho 01, 2008

O INCONTORNÁVEL PETRÓLEO

É nos períodos de crise que se vê a pequenez mental de muitos líderes de organizações várias, na contestação absurda a Governos e na incapacidade de anteverem o que quer que não seja igual ao que aconteceu ontem. Isto se os seus histerismos e os que descabidamente provocam não levarem a tragédias maiores.

Último parágrafo de um artigo da Newsweek de hoje, em que se questiona sobre os impactos se o preço do barril de petróleo atingir 200 dólares:

"Então, o que se pode fazer? Para começar, os políticos devem parar de questionar as grandes companhias petrolíferas acerca dos preços tão elevados (porque elas actualmente apenas controlam uma pequena percentagem das reservas conhecidas, tal controlo não está na prática ao seu alcance), devem apoiar as iniciativas em energias verdes (assentes no vento e sol, em lugar do etanol) e parar de empanturrar os votantes com subsídios e cortes nos impostos sobre os combustíveis que ignoram a nova realidade − o petróleo é um recurso escasso, há mais gente interessada no seu consumo e a prodigalidade com que o temos consumido está a acabar. “Há um combustível que é barato, é limpo, está disponível e se chama economizar”, diz West [responsável pelo sector das energias da consultora McKinsey]. Algumas estimativas indicam que o mundo podia economizar 25% do seu consumo de petróleo com medidas simples como limitar a velocidade de condução, apagar as luzes e utilizar em pleno as tecnologias energéticas verdes que já existem (híbridos, melhores isolamentos, etc, etc). Embora não tenha sido a tendência das nações ricas − particularmente da América − preocupar-se com o consumo, é uma noção que irá adquirindo importância à medida que os preços da energia subirem. Aconteceu nos anos 1970. Acontecerá de novo e, se tivermos sorte, tornar-se-á a importante e última consequência do petróleo a 200 dólares."

Use-se a cabeça e a honestidade!

E vem-me também à cabeça o nosso país em concreto. O que aqui disse, há mais de um ano, sobre o novo aeroporto de Lisboa, e que ora repito: não pode haver estudos honestos que permitam avaliar actualmente do interesse em o construir. Depois do erro cometido pelo Governo ao estimar o preço médio do barril de petróleo para o ano corrente, como se propõe este ignorar o impacto do preço do petróleo daqui a uns dez anos no devir do transporte aéreo?