quinta-feira, setembro 14, 2006

O SABER

Há muitos anos, li, em Cândido, o Ingénuo, de Voltaire, a amargura de um velho sábio pelo muito que ignorava, misturada com a surpresa que sentia pela felicidade da sua também velha vizinha, despreocupadamente ignorante. Antes disso já me tinham ensinado, creio, que quanto mais se sabe, mais se julga pouco saber.

Esta velha questão perseguiu-me pela vida adentro e fico ainda perplexo sobre o se devo parar ou se devo prosseguir no aumentar das minhas angústias, no aumentar da sensação do que ainda me falta saber. E misturo a felicidade de ir descobrindo isto e aquilo, com a frustração que daí resulta.

Porque cada nova descoberta alarga os horizontes e, portanto, multiplica as fronteiras do desconhecimento. E, ao desvendarmos cada uma dessas fronteiras, cada uma multiplicará, por sua vez, os horizontes desconhecidos. E é assim, sucessivamente, até ao infinito.